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A ESCOLA SEM PARTIDO TEM PARTIDO


Por Yara Neves

Originalmente publicado no Facebook da autora em 19/04/2018

Na mesma semana em que completava 2 anos de minha formatura em Arquitetura e Urbanismo, pela Universidade Federal de Juiz de Fora, me deparei com este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4Qane5lyoBs&app=desktop&fbclid=IwAR1vaiU3PsWr8PzvnZ2airLHZOX4rE1VEn_ByBzidAYAqGupMdmodAexG4E

Trata-se do discurso de uma formanda da PUC-SP e retrata a realidade de milhares de estudantes do país. Esse vídeo me inspirou, na época, a escrever o texto abaixo, que resolvi resgatar pois o momento em que vivemos é crítico. Para além do “Fora Temer”, dito pela menina que discursa, atualmente passamos pela iminência de atrocidades no campo da educação. A ameaça do fim das cotas raciais, a manutenção dos 20 anos de congelamento dos investimentos, a votação da “escola sem partido” (que, na verdade, tem partido sim: a extrema direita conservadora), tudo isso ameaça as oportunidades de formação de jovens pensantes, reflexivos e questionadores. Ameaça, também, as chances de acesso de todos à educação pública superior de qualidade. A “caça as bruxas” que está anunciada contra os professores reforça todas essas ameaças, e coloca em cheque todo avanço em campos de estudos importantes. Não damos o devido valor às pesquisas acadêmicas, não damos o devido valor a atuação dos professores como formadores de jovens REFLEXIVOS e CRÍTICOS e, portanto, não valorizamos a educação. Pra você que acha que nossa educação pública hoje é doutrinadora: 1. Você não conhece a educação pública; 2. Você não sabe o que é doutrinadora e anda fazendo confusão, pois a imposição de um pensamento conservador é uma doutrinação tenebrosa. Enfim, Deixo aqui a fala dessa garota da PUC-SP maravilhosa e minha reflexão feita naquela época simplesmente porque é o tipo de coisa que nunca é demais compartilhar. Na verdade, é o tipo de coisa que precisamos SEMPRE compartilhar, pra incomodar quem não enxerga, pra escancarar uma realidade.

"somos os filhos e filhas do gari, da faxineira, do pedreiro, do motorista e da mãe solteira. Por isso, a eles, nossos maiores inspiradores, dedicamos nossa história de resistência nessa universidade. Que nossa história inspire outros jovens pobres a resistirem. Avante, companheiros! Avente, pois nossa luta está apenas começando! Por fim, como nunca é tarde pra dizer, FORA TEMER!"

Aconteceu na PUC-SP, mas acontece todo dia em todas as outras, acontece nas particulares, acontece nas federais (sim, meus caros, ACONTECE NAS FEDERAIS, ESCOLAS SUPERIORES PÚBLICAS, GRATUITAS, mas que oferecem diferentes oportunidades para alunos de classes sociais distintas). Acontece o desmerecimento da realidade do outro, acontece a desconsideração do outro, acontecem as piadas, acontecem as diferenças, acontecem discursos absurdos dos professores (já cheguei a ouvir de um professor meu que se eu não tinha dinheiro para ter o material com a qualidade que a aula dele exigia, então eu deveria repensar sobre meu curso). Ainda poderia passar o dia aqui citando histórias que aconteceram comigo, com amigos como eu, em vários tipos de universidade, mas vou voltar para os livros agora, porque é neles que está meu contra-caminho. Sou filha de empregada, sou arquiteta e urbanista, sou mestranda de um dos maiores programas de pós graduação do país e dedico minha vida a minha mãe todos os dias!

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